Ao mesmo tempo em que muitos pais têm acesso às vantagens de se começar uma criação bilíngue desde cedo (aumento da plasticidade cerebral, maior flexibilidade do aparelho fonador, melhor capacidade de distinguir os fonemas), outros ainda ficam na dúvida e acabam adiando o projeto. E esse projeto depois não vai para a frente, porque os pais começam a colocar a língua materna e o inglês em competição de uso e necessidade sem perceber e quando isso acontece, a língua materna sempre vence.
Muitas vezes o argumento para não começar a falar inglês com os filhos desde pequenos é o de que ‘o bebê não vai entender a diferença entre uma língua e outra, então tanto faz, vou manter o português’.
Sem julgamentos aqui, ninguém tem que começar a falar inglês com os filhos porque alguém assim o disse, e mesmo se quiser, cada família tem seu próprio tempo para maturar e começar a implementar um projeto bilíngue. Porém, se você tem interesse no assunto, se munir de informações e argumentos é um primeiro passo muito importante.
Mas afinal de contas, os bebês que ainda não interagem na língua materna conseguem distinguir quando os pais estão falando uma língua ou outra?
Eloisa Lima, psicopedagoga e mestre em Neurolinguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, conduziu um estudo com bebês utilizando um aparelho chamado Chupetógrafo. Acoplado à uma chupeta, o aparelho conseguiu captar a intensidade com que os bebês sugavam a chupeta conforme eram expostos no idioma materno e em seguida ao inglês. “O chupetógrafo mostrou que, à medida que o bebê recebia um estímulo de um idioma diferente daquele que o cercava, sugava a chupeta com mais entusiasmo.”
Isso mostra que um bebê compreende que existe uma diferença de linguagem a qual ele está sendo exposto e quanto mais falamos inglês com ele, mais ele armazena essas informações e as consegue acessar futuramente.
No nosso artigo ‘Que tom é esse?’ também mostramos como um bebê consegue identificar as diferenças do que falamos baseados em nosso tom de fala, demonstrando que o quê falamos e como falamos tem relevância, mesmo se o bebê for novinho.
Por fim, se mesmo com dados de pesquisas os pais nãos se sentem encorajados a iniciar uma criação bilíngue em casa desde cedo, talvez seja o caso de dar um passo para trás e analisar se esse é o desejo do casal, se haverá dedicação de tempo, vontade e persistência, pois falar inglês com os filhos é um presente sim, mas que deve ser planejado e nutrido conforme o tamanho dos frutos que se quer colher.
Para acessar mais estudos sobre o tema, clique em:
Esse artigo foi inspirado na seguinte postagem:
Paula Manzali, mãe do Pedro de 8 anos.
Parte da equipe Família Bilíngue, professora de inglês e praticante do inglês em casa de forma leve e divertida.